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O Mulo

Darcy Ribeiro para mim não é um homem, um autor, um antropólogo, professor ou político. É uma lenda. E lendas não são pra serem compreendidas, apenas sentidas. Quando Darcy morreu, em 1997, eu tinha apenas nove anos e jamais tinha ouvido falar sobre ele, nem imaginava o quanto este tinha colaborado com o desenvolvimento do país que eu viveria o resto de minha infância e de minha vida.

Somente mais tarde, bem mais tarde, na escola, sempre na biblioteca da escola, um exemplar volumoso, bem mais grosso que a Bíblia que minha mãe ostentava me chamou atenção. Era branco, com a inscrição: O Mulo, Darcy Ribeiro. Pouco me atentei ao autor e decidi ler o livro num desafio, pra ver se conseguiria ler um romance tão extenso. Me perdi naquelas páginas, Philogonio, a personagem principal me fisgou de tal maneira, que as mais de quinhentas páginas me pareceram poucas e ao terminar a leitura, estava outro, transformado, o livro e o homem que o escreveram me lançaram no mundo, me desnudaram o homem e sua brutalidade, me fizeram pensar e enxergar a sociedade e suas desigualdades que animaliza uns seres e exalta outros.

Darcy Ribeiro me mostrou a crueldade, neste livro ele me ensinou que homens são, de fato, os lobos dos homens, mas da forma mas de uma forma intrigante, nada leve e bastante realista. Eu ainda sei de cor trechos da obra, e vezes por outra me pego, anos, muitos anos depois revendo passagens da vida do personagem.

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