Textos

*Sobre o medo e a solidão.*

Vivemos, indiscutivelmente, a era da solidão. Sim! Justamente no tempo em que a tecnologia pretendeu nos aproximar, diminuir distâncias, uma estranha força, que a despeito de toda minha curiosidade, desconheço, nos fez ficar cada vez mais presos em nós.
Há tempos investigo essa possibilidades e hoje me deparo com essa certeza, que reluto em tomar como verdade: estamos sós. Presos a nossas verdades de uma forma que nos impossibilita sair da gente para experimentar o outro. Sorte tem que encontrou alguém em quem confiar. Não, não é de agora que a incerteza do terreno alheio, nos sinaliza a permanência em nosso próprio chão, há tempos o poeta já cantava: “ …se quiser alguém em confiar, confie em si mesmo…”
Só que ao contrário do que diz o resto da canção, nem sempre o sol volta amanhã, há pores de sol que são pra sempre. E me assusta como, por medo, deixamos pra depois, deixamos pra lá, e experimentamos a vida, como quem ajusta o tempero da panela ainda no fogo: às pressas, de relance.
E aí, hoje, me peguei falando com Eliane, aquela que sempre me ensina, sobre o valor da dor e como é válido senti-la. Me admirei de como ela me olhava atenta enquanto eu lhe dizia, que a dor, ah, a dor dói, mas também liberta. De início ela me olhou ainda assustada, e só depois serenou o olhar como quem aquiesce e entende. Ela compreendeu, assim como eu, e acredito assustou-se diante da repentina epifania: as pessoas, em sua maioria, escondem-se em seus casulos, em suas cascas, se ofuscam da luz, com medo. Medo da dor.
Mas como, muito antes disse outro poeta: “ …quem quer passar além do bojador, tem que passar além da dor. “. A dor é o preço que se paga pela verdade, pelo conhecimento, pela liberdade. A dor é o preço da companhia, do amor, das grandes histórias. Os grandes crescem, porque lhes dói, e lhes doendo, mexem-se, saem de onde estão. A dor dói, mas transforma.
Há uns versos cantados, numa canção, em que o cantor vocifera que: “ o preço que se paga, às vezes é alto demais…!” O preço sempre é a dor.
Os que se escondem, o fazem com medo, os que fogem, fogem com medo, os que não se arriscam também temem, quem se isola, quem finge, quem mente, todos estão com medo.
O medo é o que move alguns e o que paralisa outros.

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