Li em algum lugar da Internet: 2018 será regido por Xangô. Isso me chamou atenção. Lá fui eu em busca de informações. Como assim regido por Xangô ? O que isso quer dizer ? Eu sei! Eu deveria ocupar o meu tempo com o sem fim de livros que tenho pra ler na cabeceira e os quais sou obrigado a ler em prazo curto, ou escrevendo os textos que minhas obrigações de estudante exigem diariamente, como espada pesando sobre meu pescoço, mas o que posso fazer ? Eu nasci pra procrastinar. É assim: como há quem cante ou dance ou pinte, eu procrastino. Lamento que não haja reconhecimento para a nobre arte da procrastinação. Suponho que não tenhamos alcançado ainda tal nível de desenvolvimento cultural, mas quem sabe na posteridade eu figure nas páginas dos livros de história da arte, enquanto um professor moderninho explica:
– Ele foi um dos vanguardistas da arte da procrastinação!
Enquanto esse estágio da história da humanidade não é atingido e meu merecido reconhecimento não chega, eu vou ficar aqui empurrando mais um pouco de obrigações pra debaixo do tapete e fingindo que elas não existem. Um artista tem que se dedicar a sua arte.
Pois diz que último dia do ano, eu deitado até mais tarde, não posso dizer que se dorme até mais tarde aqui nesta casa. Não que eu não deseje ardentemente, uma vez que o meu sono, via de regra, só aparece junto com os primeiros raios de sol, mas não se dorme porque não se consegue. É! Cinco horas da manhã, Helena inicia a sua rotina diária, não satisfeita em ser uma pessoa incomum e impropria para viver no século XXI, (quem acorda às 05h00 da manhã todos os dias, faça chuva ou faça sol, sem necessidade ? ) ela quem impor ao resto da casa, no caso a mim, sua rotina espartana.
Ela acorda, abre portas, janelas, cortinas, acende luzes, apaga outras, acorda os cães, nem Fred e Pitty escapam. Tentei trancar a porta do quarto. Foi pior. Ela bateu insistentemente até que eu abrisse, o que me forçou a levantar da cama. De porta aberta pelo menos me poupa o esforço de levantar e eu posso continuar deitado, com a cabeça coberta me fingindo de morto.
O fato é que nesta casa, todos, sem exceção, suponho que até a nossa indesejada ex inquilina, a rã, fosse submetida a tal tortura matutina. E não podendo dormir, nem no último dia do ano, aqui estava deificado a difícil arte de procrastinar, quando me deparei com a manchete: 2018 será regido por Xangô. Lá fui eu descobrir mais sobre o assunto.
Lhes conto o que agora sei: 2017 foi regido por  Oxossi e Oxum, por isso foi um ano de mudanças e transformações e também de enfrentamento de obstáculos. Explico: Oxossi é um Orixá ligado às incerteza, diz o site.
Me deu certo alento o que li sobre 2018. Me parece que Xangô é o Orixá da justiça e que nada passa despercebido a seus atentos olhos. Quem fez o bem o receberá de volta, o mesmo vale em
Iguais proporções para quem fez o mal.
Pelo que entendi 2018 será um ano meio revenge. E as pessoas começarão a colher o que plantaram.
Ainda procrastinando pensei comigo: já comecei a gostar desse 2018. Oxalá seja verdade e o ano novo seja mesmo mais justo, de amor e de justiça andamos, todos,  carecidos. Não tenho é certeza se todo mundo vai gostar. Feliz ano novo! Kawó Kabiesilé, Xangô!